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Em Barcelona sobre o FC Barcelona

Na semana que se passou, visitei a cidade de Barcelona e o FC Barcelona!

Desde quando trabalhei em Portugal de 1992 a 1994, o Barcelona, que era o do técnico Cruyff, dos craques Romário, Stoichkov, Ronald Koeman, Guardiola e cia já me atraía pela magia do seu jogo.

Quando surgiu a oportunidade de visitar o clube que há alguns anos vem revolucionando a forma de jogar esse jogo no mundo, não pensei duas vezes. E não me arrependi!

Fui muito bem recebido pelo Mestre Joan Vilà, Diretor de Metodologia do FC Barcelona, ex-jogador e treinador do próprio clube. Conversamos um bom tempo sobre o “futebol Barcelonez” e o Brasileiro. Gostaria de ter ficado dias ali a tratar do assunto, mas nem ele nem eu tínhamos esta programação e/ou disponibilidade.

Dentre os muitos assuntos abordados surgiu um que me instigou: a recente parceria entre o FC Barcelona e uma universidade americana. O foco é aprofundar o conhecimento sobre a ciência da complexidade sistêmica. O jogo de futebol é um exemplo clássico de sistema complexo. Para entender os fenômenos de campo deste jogo, somente indo onde há conhecimento avançado na área. Com certeza procuraram um lugar que permita aprender novos ou os mais certos caminhos no desenvolvimento do jogo. Fantástico!

O futebol pode ser uma “caixinha de surpresas”, como queremos muitas vezes acreditar no Brasil, mas podemos ser menos surpreendidos em campo se soubermos melhor entender, construir e jogar o jogo! O conhecimento sistêmico nos convida a lidar melhor com a complexidade deste jogo. O FC Barcelona e outros grandes clubes no mundo sabem disso e estão acelerando neste sentido.

O Departamento de Metodologia do FC Barcelona é o setor de inteligência do clube que desenvolve o conhecimento acerca do jogo abrangendo todos os seus intervenientes: táticas, treinos, estruturas, jogadores, ambiente, etc. Como tudo isso e outros fatores podem influenciar e/ou determinar diretrizes na construção de um jogo de futebol eficiente?

Somente para nos fazer pensar: quantos clubes brasileiros já possuem setores de inteligência para as questões de campo?

Não falamos somente de metodologia de treino ou da parceria internacional dos espanhóis! Outros assuntos estimularam a nossa resenha e me convidaram a refletir ainda mais sobre o futebol brasileiro. O professor Vilà externou escancaradamente a sua admiração pelos jogadores brasileiros. Disse o quanto marcaram em sua vida profissional os espetaculares jogos das seleções brasileiras de 70 e de 82. Escalou as duas e falou em detalhes dos protagonistas de cada uma delas. Ah! E mais! falou também do jogo brasileiro. Como se desenrolava nos gramados naquela época: muito toque de bola, ofensividade, etc.

Pasmem!, também causou espanto nele saber que para nós, brasileiros, “não temos mais jogadores de qualidade como antigamente”.

– Como?! Vocês são um celeiro inesgotável de talentos! – disse admirado.

Eu já havia experimentado esta sensação quando em conversa com outras personalidades do futebol internacional. Inclusive, o assunto faz parte de algumas das nossas reflexões desenvolvidas neste espaço!

Outra coisa que o deixou confuso:

– O quê?! Vocês não tinham um curso sistematizado para a formação de treinadores de futebol?!

Expliquei a ele sobre o projeto da CBF, que existe há quase dez anos e do qual faço parte desde a sua implantação. Como instrutor dos Cursos de Treinadores da CBF, um projeto inovador e revolucionário para o futebol brasileiro, fiz o convite ao Sr. Joan Vilà para que o Barcelona participe de alguma forma desse empreendimento brasileiro. Ele se mostrou muito motivado e apontou os caminhos a seguir. A CBF deverá formalizar o convite. É o que desejo.

Muito interessante também foi ouvir o próprio Diretor de Metodologia do Barcelona dizer que o clube catalão não abre mão da necessidade de sempre aprender e/ou trocar conhecimentos. “Só assim vamos crescer!”

Gostaria de falar mais sobre a minha pequena mas relevante experiência em Barcelona. Para mim ficou a certeza cada vez mais convicta de que necessitamos aprender muito sobre esse jogo. Principalmente porque ele vem se transformando ao longo do tempo, e também, porque não podemos mais, enquanto futebol brasileiro, nos recostar na imagem do que já fomos, pois “a fila anda” e estamos perdendo lugar nela!

A Alemanha, em seu grande salto metodológico de trabalho, desde as categorias de base, não omitiu sobre o que aprendeu com belgas, holandeses, franceses, ingleses e, podem acreditar, com os brasileiros. Com o conhecimento globalizado do mundo moderno não há necessidade de tentarmos “inventar rodas” pra tudo e a todo momento! Vamos entender e aprender o que já está construído e adaptarmos à nossa realidade. A analogia cabe muito bem ao futebol no Brasil!

Tenho dito, e o continuarei fazendo, esta é uma empreitada que temos de encarar à muitas mãos. O futebol brasileiro perdeu parte do seu brilho por ações, omissões e ignorância de todos nós. Nada mais necessário que envolver todos os segmentos protagonistas deste esporte para resgatá-lo ao patamar de destaque que o aguarda no cenário mundial!!

Mãos à obra, e até a próxima!

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