A SAF para os clubes do futebol brasileiro

– O que as SAFs podem fazer de diferente e benéfico para o futebol brasileiro?

Profissionalizar a gestão esportiva dos clubes:

  • Quebrar o ciclo vicioso e perverso de demissões e contratações de treinadores;
  • Construir projeto técnico para o futebol do clube – Base e Profissional;
  • Ajustar contas;
  • Alavancar patrimônio; Projetos sociais…

Desde sempre escutei dizer que clube de futebol não tem dono.

Sob essa “verdade”, bastavam alguns gritos para que surgissem “grandes gestores” e até ídolos nesse esporte. Muitos dirigentes, treinadores… se fizeram respeitar na história do futebol brasileiro, principalmente, pelos gritos que deram e ainda dão?!

A expressão “clube não tem dono” nasce das muitas respostas infelizes que vieram do único modelo de gestão que o futebol conhecia, o Associativo. Muitas concessões políticas, arranjos administrativos, benefícios do Estado, dentre outros, surgiram e ainda surgem com vistas a resgatar administrações de clubes arrasados pelos infortúnios dos seus modelos de gestão.

Já ouvi muito, também, que a gestão profissional para clubes e outros organismos que gerem o futebol seria a solução de todos os problemas brasileiro nesse esporte.

Entre verdades e mentiras sobre o futebol, estamos avançando. O ambiente futebolístico, sob todos os aspectos, tem evoluído.

As SAFs – Sociedades Anônimas do Futebol – chegaram colocando banca de que, agora tudo será diferente. E que assim seja!

O modelo SAF tem argumentos jurídicos com soluções para muitas das nossas necessidades. Mas, que não queiramos reinventar o futebol. Pelo menos quanto ao jogo, o epicentro das importâncias de tudo que cerca esse negócio. O jogo de futebol permanece tecnicamente caracterizado desde o seu nascimento, apesar das novas táticas e seus treinamentos.

Defendo a modernidade do jogo em todas as minhas ações, desde sempre.

Fazer futebol é sinônimo de projeto técnico, na Base e no Profissional!

Não haverá gestão político-administrativo-financeira que dê soluções sólidas aos clubes de futebol se o projeto técnico – formação de atletas/ construção de jogo / estruturação esportiva dos clubes / gestão esportiva / … – não for prioridade nas mentes de quem os gere.

Desconsiderar o protagonismo dos treinadores no projeto futebol é o maior “tiro no pé” que qualquer modelo de gestão clubista pode dar. O treinador é o jogo – em ideias, construção e gestão – e o jogo é, simplesmente, o carro-chefe do futebol.

– E os jogadores?

São tão importantes quanto os treinadores!

– Aliás, tenho dito sempre: treinador, jogador e jogo são uma coisa só.

Não existe orquestra sem maestro, obra sem arquiteto, sala de aula sem professor, esporte coletivo sem treinador… Simples assim!

Tratar os treinadores brasileiros como fazemos é andar pra trás na gestão esportiva dos nossos clubes.

Não haverá sucesso nas gestões de clubes sem conquistas. Não se conquista se não houver competência técnica administrativa – gestão esportiva.

O mundo corporativo não troca equipes técnicas em suas empresas com a frequência alucinante e irresponsável que faz o futebol brasileiro – nem de longe podemos comparar!

É hilária as justificativas que encontramos para as saídas dos nossos treinadores. Mais ainda, as assustadoras razões que nos fazem contratar os substitutos. Não há coerência entre as trocas e a existência de um projeto técnico de valor.

Não é gestão esportiva competente o tratamento que damos ao jogo e tudo à sua volta.

A gestão esportiva de valor contempla atenções especiais à construção e gestão do jogo. A performance de campo é prioridade no projeto esportivo do futebol. Um clube de futebol deve respirar e viver a construção do seu jogo em todos os níveis da sua gestão.

Assim, todos num clube de futebol passam a ser responsáveis pela bola que entra ou não!

Parece tudo muito óbvio e desnecessário dizer. Temos a bola, o campo, profissionais de clube, alimentação, campeonatos, tecnologia, etc. O quê mais seria preciso?

– Com a existência e operacionalização dos componentes físicos que movem a vida de um clube de futebol, que ideias esportivas deveriam ser respeitadas para o alcance do alto rendimento no jogo e na gestão esportiva?

Respirar futebol! Tudo e todos num clube devem remar em direção à construção do jogo de qualidade.

– O quê, ou quem fez o Manchester City crescer?

Foi o Guardiola, a grandeza do clube, o dinheiro árabe, …?

Tudo isso e muito mais, mas principalmente a importância dada à construção do jogo. E o responsável por toda a transformação do Manchester City é o jogo construído nesse cenário.

– Pois bem, a partir de agora, estará tudo resolvido! É só dar moral ao treinador no futebol, para que vários “Guardiolas” e “Manchester Citys” surjam no Brasil?!

– Não!

E, nem será preciso pensar assim. Mas, podemos ter muitos outros “Telês, Dorivais, Tites, Dinizes, Renatos, Endersons, Felipões, Zagalos… e Guardiolas”, se soubermos dar o devido valor ao “core” do projeto futebol dos clubes – o jogo.

Não estou vendendo facilidades para o futebol! É preciso entender e querer, para quebrar o ciclo vicioso que move o modelo de gestão dos clubes brasileiros.

SAF ou Associação, o importante é ter GESTÃO ESPORTIVA COMPETENTE PARA UM PROJETO TÉCNICO DE FUTEBOL!

Existem clubes que chegam próximos ao ideal, mas, quando se deparam com os degraus da emoção e pressão, não resistem e se deixam levar pelo “mais do mesmo”.

Aí a conta não fecha e grandes sonhos, investimentos e projetos promissores vão por terra.

– É fato: temos um ambiente social que impele os clubes brasileiros à negligência e ignorância técnica esportiva.

Mas, volto a dizer: o futebol para o alto rendimento – Base e Profissional – é projeto técnico, engenharia humana e técnica que obedece a ciclos de performances, sem os quais não se chega ao topo. Esse entendimento tem de existir e, sem ele, não vamos crescer.

Nos satisfazemos com ciclos de “chuvas de verão de sucesso” enquanto não sabemos fazer perdurar essa estação nos clubes brasileiros!

O bojo das competências técnicas que toca o projeto futebol dos nossos clubes precisa contemplar o suporte à pressão e às emoções. Os clubes brasileiros têm de se mobilizar para a construção de mutirões de forças internas e externas que suplantem esses opositores.

Avaliar as competências de treinadores é simples e necessário. Precisamos aprender a fazer isso em ciclos de derrotas das nossas equipes.

Trocar treinadores é muito mais prejudicial que trocar jogadores, por exemplo. O treinador bem avaliado deve ser mantido a todo custo. Para o bem do futebol do clube e do próprio clube.

Um detalhe simples a considerar é que as expectativas por conquistas podem não ser contempladas no curto ou médio prazos do projeto técnico do futebol. Perder, quase sempre fará parte desse negócio. Quando entendemos isso, o caminho das vitórias fica mais claro e atingível!

Amo o jogo e o treino no futebol, e é isso que me traz até aqui, mas não há como alcançar qualidade em campo sem considerar tudo aquilo que envolve o Projeto Técnico desse esporte. Assim, a gente acaba entendendo um pouco de gestão. Por isso, me atrevo a escrever alguma coisa . Me perdoem os experts da área, mas vai aqui um pouco daquilo que os treinadores percebem desde o trabalho de campo.

Em algumas poucas semanas estarei lançando um Curso de Futebol que vai mexer com a cabeça dos apaixonados pelo jogo. Tenho certeza que atenderá muitos quesitos da gestão técnica para o futebol brasileiro.

Até a próxima!!

Foto: SKY SPORTS/Site

Quer receber mais conteúdos como esse gratuitamente?

Cadastre-se para receber os nossos conteúdos por e-mail.

Email registrado com sucesso
Opa! E-mail inválido, verifique se o e-mail está correto.

Fale o que você pensa

O seu endereço de e-mail não será publicado.