“O homem que mudou o jogo”

Elogiar o treinador Pep Guardiola, suas posturas, competências e equipes virou lugar comum pelo mundo.

Já publiquei vários textos nos espaços de comunicação que frequento fazendo menção a tudo que esse espanhol fez e vem fazendo pelo futebol.

Assistindo a jogos dos Campeonatos Europeus, Brasileiros, Champions, Eurocopa, Eliminatórias Sul-americanas, Copa América, dentre outros, não consegui ver nada igual ao jogo que o Guardiola constrói.

Algo parecido foi apresentado pelo Napoli do Maurízio Sarri, há alguns anos, mas sem a consistência e conquistas do jogo que os times do Guardiola costumeiramente exibem.

Quem tem a dura missão de construir um jogo de futebol, sabe o quanto é difícil arquitetar e manter uma ideia tática de jogo conceituada, ofensiva, fluida, criativa e com fair play como as do Barcelona, Bayern e City do Guardiola.

Até aí, poderíamos encontrar justificativas pra esta realidade, afinal, cada treinador, um jogo. Mas as equipes citadas foram ou são espantosamente diferentes. Derrubaram paradigmas táticos do jogo vigente há décadas no futebol.

Na complexidade de um jogo como esse, Guardiola consegue criar claros padrões de comportamentos táticos e bem conectados entre si sem abrir mão da ofensividade e organização. Costumo dizer que, se precisar, o jogo de posse das suas equipes “vai até fora dos estádios” para encontrar o caminho do gol. E o faz “sem perder a pose”.

Afinal, “a bola é deles”, como costuma dizer Guardiola!

Nós, treinadores, temos encontrado e valorizado outros argumentos táticos para a construção dos nossos jogos, principalmente porque não conseguimos fazer o que gostaríamos – jogar à la Guardiola.

Nos céus, o espírito do mestre Telê Santana deve bater palmas efusivas ao ver os times do Guardiola jogar.

Como testemunha viva desse momento do futebol mundial, não posso me omitir ao contributo que esse treinador está dando ao esporte mais popular do planeta.

Não há demérito em outras maneiras de se jogar o futebol. O que faço questão de enfatizar nesse espaço é o sentimento que nos toma, os apaixonados pelo futebol moderno e bem jogado. E nisto, Pep Guardiola é o gênio inspirador da construção do jogo em altíssimo nível – um jogo concatenado em conceitos táticos muito difíceis de trabalhar.

Sua genialidade, assim como sempre acontece, sofreu influências decisivas do ambiente em que viveu. Seus treinadores, outros mentores e o método Barcelona de construção de jogo parecem ter sido determinante em sua formação. Mas muitos outros passaram por ali, tiveram seus modelos inspiradores também e não chegam nem perto do que o seu gênio é capaz de produzir.

O mundo tem tentado copiar, mas quanta dificuldade!

– Ricardo Drubscky, o quê faz você escrever sobre o jogo do Guardiola em plenas férias dos clubes europeus?

A saudade que eu já estou de ver o time dele jogar!

Vários jogadores do City, espalhados pelas seleções dos seus países na Eurocopa e outras competições, não chegam nem perto do brilho que apresentam jogando no time do Guardiola. Nas seleções não há a mesma conexão entre os conceitos táticos que assistimos no Manchester City.

Quando nos defrontamos com o jogo das equipes do Guardiola, salta-nos aos olhos também o quanto o individual cresce num jogo organizado e bem jogado!

Resistimos em admitir, mas é lógico pensar que as individualidades se destaquem no jogo de posse, o jogo coletivo, porque a bola passa várias vezes pelos pés dos jogadores. Essa prática oferece muitas oportunidades de espaços de menor pressão ao time que tem a bola, o que logicamente favorecerá o desempenho individual.

Às vezes sinto que vai ser difícil ver o Brasil perto desse ideal de jogo. Mas vou continuar insistindo nestas abordagens, enquanto durar o amor que tenho por este Jogo. Pelo que percebo, esse sentimento só faz aumentar em mim com o passar do tempo, principalmente depois do advento do Barcelona do Guardiola!

O sonho, se vivido com crença e “mangas arregaçadas”, costuma se realizar! A vida nos mostra isso à toda hora!

Que nunca deixemos de sonhar!

Até mais!…

 

(Foto: Pierre-Philippe Marcou/AFP)

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