A conjuntura do futebol brasileiro

O mundo das táticas no futebol é diverso e complexo. E muitos são os intervenientes do jogo, que se somam ao universo desta complexidade, e outros estão sempre surgindo. Não há como esperar dos jogadores uma assimilação consistente e duradoura da ideia de jogo com pouco tempo de treinamento. A grande maioria dos treinadores que perde seus empregos pelos resultados alcançados no período de um a três meses de trabalho, posso lhes garantir, foram injustiçados.

O sucesso imediato no futebol é, na maioria das vezes, inconsistente e de futuro, quase sempre, comprometedor. Não que nenhuma equipe possa acumular vitórias após um lance de sorte no seu ajuste tático. Afinal, grandes descobertas e avanços científicos estão registrados na história também como obras do acaso. Por que o sucesso instantâneo de um time não se incluiria no conjunto desses fenômenos?

Às vezes, uma troca de treinador e ou de jogadores faz o time se encaixar taticamente e partir para trajetórias competitivas memoráveis. Os efeitos psicológicos causados pela mudança de técnico, por exemplo, costumam trazer respostas imediatas tão positivas que até confundem a cabeça das pessoas quanto à eficácia e à necessidade das táticas no futebol. Isso é cultural no Brasil, país do futebol, ou melhor, “país do jogador de futebol”, pois, apesar de ainda termos grandes jogadores e em fartura,  o nosso jogo está a procura de nova identidade.

Não podemos nos esquecer que, na quase totalidade dos casos, os resultados positivos provenientes de um período curto de treinamentos são efêmeros e sem benefícios concretos de médio e longo prazos. O futebol brasileiro, por estar se conduzindo nessa onda de troca de técnicos a cada insucesso numa sequência pequena de jogos, perdeu a identidade tática e o norte da administração esportiva há vários anos.

Querendo ser otimista com o quadro atual dos clubes brasileiros, podemos afirmar que nos restam poucas equipes que apresentam filosofia tática de jogo consistente ao longo das temporadas. É quase impossível ver um “jogo de equipe” em times brasileiros nos últimos tempos. É mais comum assistirmos ao jogo dos times brasileiros representado por um conjunto de individualidades que agem vertical e ansiosamente em busca do ataque, que um jogo em conjunto, proveniente de ações táticas coletivas bem treinadas e ou baseadas em conceitos táticos que os identifique.

Não é difícil ver nos campeonatos nacionais e ou estaduais do futebol brasileiro um clube ser campeão em um ano e jogar contra a possibilidade do rebaixamento logo no ano seguinte. Por que será? São tantas as interferências da cultura brasileira que influenciam e caracterizam o nosso jogo, que fica difícil apontar este ou aquele fator. Nos torna mais confortável afirmar que, dentre outras coisas, a nossa conjuntura futebolística está presa a um sem número de paradigmas táticos e de gestão que nos atrapalham acompanhar o nível do futebol moderno.

Não há também como desvincular a realidade do futebol e de vários outros segmentos sociais brasileiros da grave crise de identidade que o Brasil atravessa nas últimas duas décadas, principalmente. Em nome do nosso futebol, posso afirmar que percebo nos bastidores uma onda de inquietação bastante salutar. Muitas e competentes correntes povoam o nosso ambiente do futebol e, ainda que aos trancos e barrancos, acredito que mudaremos o estado de coisas atual.

Dentre as verdades ditas pelo alemão Paul Breitner em entrevista ao programa “bola da vez” da TV ESPN, acredito fielmente em uma. Foi dito mais ou menos o seguinte: o futebol brasileiro vai aprender a jogar o jogo moderno e voltará à dar as cartas no mundo!”

Aos intervenientes do futebol brasileiro fica o convite: todos em direção a modernidade do futebol – na gestão e no jogo!

Até a próxima…

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