Um canal que procura o conhecimento

Um dia, o Dr. José Ferrer, editor do meu livro, O Universo Tático do Futebol, disse que eu era escritor. Quinze anos se passaram e até hoje tenho minhas dúvidas quanto a certeza do Dr. Ferrer. No entanto, é fato que eu não consigo me livrar da vontade de escrever. E, em quase todas as vezes que me pego rabiscando algo, o assunto é sempre o futebol. É instintivo em meu dia a dia de trabalho. Os treinamentos e jogos, além da própria literatura especializada, são estímulos constantes às minhas ideias.

Me sinto mais confortavelmente instalado na condição de educador que escritor. Se, para o professor Celso Antunes, educar é transmitir e ou viabilizar saberes, acho que me enquadro melhor nesta classe, pois é o que faço há muitos anos como profissional do futebol. Estou sempre a busca de trocas no conhecimento a cerca da minha profissão . As coisas do jogo de futebol e tudo o que envolve a sua construção me fascinam.

Além do mais, contrariando o pensamentos de muitos setores do futebol brasileiro, considero o treinador um professor antes de qualquer coisa. Se a missão é construir um jogo com o ensino e aprendizagem de vários conteúdos e ou conceitos, com métodos apropriados de treinamento e comando de grupo, nada mais justo que entregá-la nas mãos de um “professor”. Indiferente à sua formação, acadêmica ou prática, os atributos de um professor devem fazer parte das competências de um treinador de futebol. Portanto, seja qual for o perfil do treinador, é necessário que tenha uma formação para lidar com as necessidades próprias do seu ofício.

Espero que a comunidade esportiva em geral não se ofenda com  a minha ousadia em dividir abertamente algumas reflexões  sobre o futebol. Certa vez, um jornalista importante no cenário esportivo nacional me disse: – você sabe que “sua fama” é ser muito estudioso, não sabe?! Isto como forma de maldizer esta minha característica. Como se este atributo não se enquadrasse no perfil de um treinador para o futebol brasileiro.

É fato, no Brasil, a prática pela prática ainda possui um valor supremo, indiferente a qualidade e importância que tenha na construção do jogo moderno. Não raro, acreditamos que tem de se correr muito e de qualquer forma pra provar que está treinando ou jogando bem.  Não é por acaso que o nosso jogo, hoje praticado, é mais ansioso que tático, mais correria que discernimento e beleza. Enquanto isso, o alto nível do futebol mundial está capacitando e estudando cada vez mais as formas inteligentes de treinar e ocupar os espaços do campo para as várias circunstâncias que o jogo oferece. Nunca se estudou tanto o jogo como em nossos tempos.

Desde sempre, quando me interessei pelas coisas do futebol, e isto remonta ainda da época da minha infância, tenho vivido num mundo de reflexões sobre o que seria bom ou ruim para o futebol brasileiro. Faço parte da comunidade esportiva apaixonada pelo jogo e que tem testemunhado diversas transformações no futebol brasileiro. Não consigo ficar longe deste grande foro de discussões.

O treinador Pep Guardiola se intitula um ladrão de ideias. Todos nós o somos, a partir do momento que refletimos sobre conceitos e opiniões de outros. Ao elaborarmos pensamentos de outras pessoas, passamos a produzir novos pensamentos e quando os externamos, já não somos mais seus donos. Assim é no mundo das visões sistêmicas, assim é na vida e no futebol.

Portanto, estou lançando este canal de trocas de conhecimentos a cerca do futebol, com o principal propósito de participar ativamente da divisão dos seus saberes, ambiente que encanta números cada vez maiores de apaixonados pelo mundo. Não sei no que isto vai se transformar, mesmo assim, convido o leitor a percorrermos juntos este caminho.

Antes de qualquer coisa, sou defensor da ideia que o futebol brasileiro ainda tem, potencialmente, as condições necessárias para a retomada da hegemonia no cenário mundial. O “velho e bom talento” permanece vivo e frutificante em nosso ambiente social e esportivo, apesar de teimarmos em não reconhecer. O mundo dá provas disto acreditando no potencial da fábrica brasileira, tanto é que o Brasil é o país que mais jogadores fornece para as equipes que disputam a Liga dos Campeões Europeus. Esta é apenas uma parcela do universo de jogadores brasileiros espalhados pelo mundo. Ainda oferecemos ótimas condições para o nascimento e início da formação do valioso bem nacional. Vamos discutir muito sobre isso também!

Justifico a invasão à rede que congrega os adeptos do futebol para contribuir com ideias que objetivam principalmente o crescimento do futebol brasileiro. São mais de três décadas de trabalho que quero de certa forma compartilhar com os internautas. Desde os doze anos de idade alimentava em minha mente o desejo de viver neste meio esportivo. Estou no futebol convicto de estar fazendo o que gosto.

Alguns posts foram extraídos diretamente da segunda edição do meu livro, O Universo Tático do Futebol – escola brasileira. Eles farão parte do elenco das postagens deste site como forma de enriquecer o conteúdo das nossas reflexões.

A partir de agora convido o leitor a dividir e usufruir deste espaço como foro de debates a cerca das coisas do futebol, principalmente o brasileiro. A caminhada é longa, vamos em frente!!

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