O jogo do Tite – um legado

O futebol brasileiro precisa “aprender a perder”!

Aprender a perder, para chegar mais rápido e consistentemente às vitórias!

A grande maioria dos brasileiros e do mundo acreditava que venceríamos a Copa do Qatar. Até aí, sem novidades, pois somos diferentemente confiantes e auto-suficientes no futebol. Além disso, a comunidade internacional sempre respeitou o nosso jeito de jogar com a camisa amarela.

Como se não bastasse, víamos na Seleção do Tite atributos de um jogo que nos davam certeza além da conta.

Já estamos acostumados com isso, também. Outras seleções brasileiras ao longo dos tempos, que foram brilhantes e modernas em suas épocas, nos passavam esse mesmo sentimento. Mas, a reflexão de hoje vem para abordar os feitos da seleção que disputou a Copa do Qatar e alguns porquês do aprender a perder para os brasileiros.

As melhores equipes da Copa exibiram um padrão de jogo parecido, moderno e consistente: ataque com organização posicional, muito jogo de passes, marcação alta e com pressão na bola, jogo compactado, dentre outras táticas que constroem o jogo coletivo e bem jogado atualmente.

O Brasil jogou assim e com a arte e criatividade dos seus jogadores. Aliás, o jogo moderno e o jogador brasileiro nasceram um para o outro.

Na verdade, durante a Copa, cinco seleções inspiraram credibilidade e esperança de conquista: Brasil, Argentina, Inglaterra, França e “Marrocos”. Três delas chegaram! Faltou o Brasil, sem dúvidas, entre os quatro semi-finalistas!

“Marrocos”? Por quê não a Croácia?

Porque a Copa do Mundo é torneio, competição curta, e os marroquinos se superaram e jogaram muito bem! Já a Croácia, nem tanto!

Sob o comando do Tite, a nossa seleção chegou ao Qatar com números expressivos e um jogo amadurecido. Além disso, próximo à competição, aumentou os tons da arte e criatividade em sua maneira de jogar e ficou bonito de ver.

– Prof. Tite, as críticas à sua equipe se deveram mais à tristeza que inundou os corações dos brasileiros, confiantes que estavam na conquista da taça. 

Só conseguiremos aprender a perder, quando separarmos razão da emoção e tivermos consciência que as derrotas podem abrir caminhos a grandes conquistas. Nós brasileiros nunca damos essa chance ao nosso futebol. Não por acaso, o não saber perder nos tem mantido como fábrica de talentos do mundo, enquanto a escola do jogo não brilha mais como antigamente. Teríamos muito a dizer sobre isso, mas, hoje não.

A cada derrota do futebol brasileiro, nos âmbitos doméstico e internacional, a casa cai pra tudo e pra todos! Isso é um mal sem tamanho para a perspectiva de maiores e consistentes ciclos de qualidade e conquistas.

O jogo da Seleção Brasileira evoluiu muito sob o comando do Tite e já pode ser avaliado sob os critérios táticos que atualmente regem o futebol de alto nível no mundo. No jogo contra a Croácia, em que não houve derrota, um instante de desconexão tática coletiva e coincidências do imponderável do jogo, possibilitou ao adversário um único chute na direção do gol e o indesejado empate. O Brasil foi melhor durante grande parte do jogo!

Já passou da hora de aprendermos a perder e avaliar melhor as derrotas nessas condições. A lição tem de servir ao futebol brasileiro em geral. Dirigentes, treinadores, jogadores, crítica especializada, torcedores… precisamos aprender a perder e nos abrirmos às lições para os ciclos seguintes.

A derrota no futebol brasileiro, via de regra, deixa cenário de terra arrasada em clubes e seleções e dissemina o caos para todos os lados. Isso só tem feito aumentar os prejuízos, que poderiam ser muito melhor administrados se soubéssemos perder.

O Brasil do Tite não foi campeão, mas deixa lições preciosas. Desnecessário partir do zero novamente, como de costume. O Futebol Brasileiro precisa pegar os ventos do jogo organizado, com arte e criatividade que apresentamos e disseminá-lo por todos os  rincões praticantes do nosso território.

Tudo bem! O Tite terminou o ciclo dele e já vinha anunciando que assim seria após a Copa. Não há problemas nisso, mas fica um legado que tem de ser explorado.

Minhas reflexões nunca foram a crítica pela crítica e muito menos média com o que ou quem quer que seja! Não tenho nada que me estimule fazer isso! Um dia aprendi a escrever e é o que tenho feito em favor do futebol brasileiro desde sempre. Costumo avaliar e trabalhar o jogo brasileiro há anos e não consigo me omitir, por isso, eu afirmo: o Brasil da Copa do Qatar fez muitas coisas boas e especialmente diferentes.

A preparação da Seleção Brasileira para a Copa percorreu todos os passos necessários ao trabalho de excelência – composição de pessoal, aparatos científicos, logística, treinamentos, concentração, dentre outros.

Sob o comando do Tite, a Seleção teve liderança, equipe e jogadores mostraram intimidade com o jogo coletivo moderno e vestindo camisa brasileira, que é o importante. O legado precisa chegar aos nossos clubes se queremos qualificar o ambiente doméstico do nosso futebol.

Apesar da tristeza e decepção, podemos e devemos valorizar este tropeço à busca do crescimento sustentável do nosso jogo. Assim, tudo virá por acréscimo ao futebol brasileiro – jogo, treino, gestão de clubes, calendário, Business

Os treinadores brasileiros precisam ser os primeiros a enxergar isso, levando em frente as ideias do Tite que farão crescer a qualidade do nosso jogo.

Fiquei longe das publicações neste espaço atraído pelas comodidades do Instagram e do Twitter, mas vou retomar. Gostei de passar por aqui novamente!

Até a próxima!!

Foto: Divulgação/Luis Acosta/AFP

 

 

 

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