A bola que entra e a que não entra no futebol!

Gestão técnica para o futebol não significa somente pensar e justificar sobre a bola que entra e aquela que não entra.

Sem ignorar que tudo ou quase tudo vai depender disso, é preciso ter a devida medida da importância e relação que cada movimento da gestão esportiva tem para os resultados dos jogos.

A grande diferença entre os que valorizam  o entorno do futebol como responsável direto pela qualidade e resultados dos jogos daqueles que não têm essa percepção é o desconhecimento da causa. São muitos os que ainda ignoram sobre o fazer futebol. Quem está nesse negócio, mais ou menos distante do campo e seus principais atores, nunca deixará de ser corresponsável pela bola que entra ou não!

Puxa! Que confuso!

Não é! Mas vou tentar explicar um pouco mais da visão proposta neste post com as próximas “meia-dúzia” de palavras!

Gerir o futebol de um clube é contribuir com o pensar e agir em todas as frentes que almejam a excelência da construção de um jogo. A caneca estilizada que serve a cerveja ao torcedor em dias de jogos deve ser confeccionada, comercializada, apreciada e utilizada com a certeza de ser algo positivo à qualidade do jogo que ele assiste. O ambiente do Centro de Treinamento e todo o pessoal, ciências e serviços que o compõem são coadjuvantes protagonistas da alta performance de jogadores e equipes em jogos e campeonatos. Deveria ser assim, mas nem sempre concebe-se dessa forma.

– No futebol, tudo tem de girar ao redor do clube e do torcedor. É o que muitas vezes ouvimos.

Qual seria então o personagem principal da história desse esporte? Difícil dizer! Entraríamos na mesma discussão, que também não encontra solução, que trata da maior importância entre treinador e jogador para os resultados da equipe. Assim sendo, tanto no primeiro embate, “clube e o torcedor”, quanto no segundo, “treinador e jogador”, prefiro que fiquemos na valorização do jogo que sem dúvidas é a razão de ser da indústria futebol.

Nas últimas duas décadas a Alemanha melhorou muita coisa no Business do seu futebol, mas com atenção especial à evolução do jogo. Nunca se jogou futebol na Alemanha como vemos hoje, depois da “revolução” que fizeram.

Agora, sim: – quem nasceu primeiro, o clube, o jogo ou o torcedor?

Se pegarmos a história desse jogo, chegaríamos à nítida conclusão que o jogo veio primeiro, já que tudo parece ter começado nas escolas inglesas que por volta de 1860 quis separar o jogo jogado essencialmente com os pés do jogo que era jogado à vontade com os pés e com as mãos.

Assistam The English Game, no Netflix. Uma história envolvente e curta que nos dá boas dicas sobre os primeiros anos de vida desse maravilhoso esporte.

Costumo dizer que o futebol precisa ser balizado por um projeto técnico que o desenvolva. Tudo, desde a adequada iniciação esportiva até às competições de alto nível dos adultos, precisa estar permeado de questões técnicas sem as quais ficará sempre faltando algo rumo à excelência.

Não se trata somente da contratação de bons profissionais e construção de imponentes centros de treinamentos recheados das ciências que suportam o esporte de competição, etc. É necessária a presença dessas e muitas outras condições. Mas, talvez a mais importante, é a gestão esportiva com objetivos que conduzam um projeto técnico a algum lugar. A mente coletiva de um clube de futebol deve conduzir o fluxo das ideias e ações a um objetivo esportivo de excelência. A beleza, a paixão, o Business do esporte, tudo gira em torno disso.

Hoje, o gestor esportivo do futebol brasileiro é visto como um “contratador de jogadores” e até já lhe atribuíram o status de segundo responsável pela construção do jogo. Depois do treinador é o primeiro a cair! Que loucura!

O mais perturbador nisso é que vários dirigentes esportivos e/ou executivos também acreditam nisso. E há aqueles que vendem o seu trabalho ou são destacados no mercado como “bons contratadores”! Ao meu ver esses rótulos são muito mais “efeito colateral” das falhas da nossa estrutura de gestão esportiva que qualquer outra coisa.

Se o futebol brasileiro soubesse dar a devida importância ao treinador e suas atribuições veria nele o verdadeiro manager das contratações. Afinal, é do treinador a ideia de jogo. Ao gestor esportivo cabe o suporte a todos os segmentos e atos esportivos do clube que contribuam para o ganho de performance do jogo a ser construído. Lógico que caberá a ele  também a coordenação dos processos de montagem de elencos – contratações de mercado e promoção de jovens talentos da Base. Sempre como conhecedor e facilitador  nessas importantes atribuições.

Nos clubes, os setores de scouts ou análise dos mercados de jogadores devem ser os principais construtores das condições que municiam as comissões técnicas e direção esportiva nas tomadas de decisões quando o assunto é contratar jogadores.

– Mas não é assim que hoje acontece nos clubes brasileiros?

É, e não é! O fato do treinador ter vida curta nos clubes brasileiros já quebra a corrente da inteligência na montagem dos seus elencos. Quantos treinadores passam por ano pelos clubes do Brasil e participam de montagens de elencos temporários?

Insisto em querer saber: – Onde está a responsabilidade por essa falha do modus construção de jogo em nossos clubes de futebol?

Talvez, em nossa cultura esportiva imediatista, especulativa, ansiosa…

– Onde está a solução?

Poderíamos explorar esse tempo maluco da pandemia do Coronavírus para exercitar a grande reflexão seguida das ações que o futebol brasileiro carece!

Quem sabe, CBF e organismos esportivos nacionais, não deveríamos fomentar o crescimento ao futebol brasileiro dessa forma também?!

Voltando ao foco da reflexão, não damos ainda os devidos valores e responsabilidades aos segmentos técnicos dos clubes para a construção dos seus projetos de futebol.

Gerir o futebol de um clube é essencialmente “projeto técnico”, simples assim! Porquê tudo que gira à volta do jogo deve ser considerado também gestão técnica. Não se faz futebol com ações estancadas para os segmentos político, administrativo, financeiro, patrimonial, marketing, futebol e outros que também fazem funcionar o clube. Está tudo interligado e auto-dependente. Que saibamos dar as devidas importâncias relativas e absolutas às partes para que o projeto se afine em todas as suas dimensões.

Está aqui uma reflexão que urge de prática constante para o bem do esporte da nossa predileção no Brasil!

Até a próxima!

Arte: Site Mídia Interessante

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